Sobre as músicas do blog... Não devem ser consideradas simples "fundos musicais" para os textos... Foram escolhidas com carinho e apreço, dentre o que há de melhor... São verdadeiras jóias que superam em muito os textos deste humilde escrevinhador... Assim, ao terminar de ler certo texto, se houver música na postagem, termine de ouví-la, retorne, ouça-a novamente se toda atenção foi antes dedicada ao texto... "interromper uma bela música é como interromper uma boa foda... Isso não se faz!..." Por último, se você conhece uma música que, na sua opinião, combina melhor com o texto, não deixe de enviar sua sugestão...

Somos jovens

Música deste post (é bem melhor com música):"Body And Soul" (Corpo e Alma). Compoisção de Johnny (John Waldo) Green, com letra de Edward Heyman, Robert Sour e Frank Eyton. Interpretação de Paul Weston e Orquestra.


  


Young Yet - Jim Warren - oil on canvas

 

Somos Jovens


Nossos corpos...
Não são jovens...
Trazem as marcas do tempo...
No rosto, nos cabelos...
As marcas do sofrimento, das preocupações, da experiência...
No embaçamento dos olhos, as desilusões...
No corpo, ressaltam os excessos da boca, do sol, do sedentarismo...
A lerdeza dos membros retratam o cansaço dos músculos...
A murchidão dos sexos testemunham os tesões vividos... 


Nada disso encobre e ilide a natureza do ser...
Que traz consigo esperança infinda e chama que não se apaga...
E a sonhar torna a pele viçosa...
O corpo faceiro, a bunda gostosa...
Os braços ágeis, as pernas lépidas...
Os peitos e lábios voluptuosos...
O caralho e colhões volumosos...
O ser renasce como fênix...


Nossos corpos...
Não são jovens...

Na idade do ser...
Mas infinito é o poder
que transcende a matéria...
Que a vivifica com o desejo,
com a vontade de ser...
Com a vontade de querer... 
 
“The mystery of human existence lies not only in just staying alive,
 but in finding something to live for”
Fyodor Dostoyevsky
 
   Neste post homenageio Johnny (John Waldo) Green, autor da belíssima canção Body & Soul (1930), tornada um clássico do jazz primeiro por Coleman Hawkins (1939) e, depois, gravada por inúmeros intérpretes jazzísticos (talvez seja a música mais gravada do mundo do jazz).  

2 comentários:

  1. Um belo texto, que nos convida à muitas reflexões, nesse contexto em que a apologia ao culto do corpo é tão exacerbada. Hoje vive-se uma ditadura da beleza, onde o que vale é o que está aparente e perfeitamente exposto. Perdeu-se o noção de essência e o ser humano está cada vez mais neurótico, com medo de envelhecer. O cuidado com o corpo acelera-se inversamente proporcional aos cuidados com a mente e com o espírito. Quanto mais belo e perfeito, mais vazio e etéreo.
    Feliz daquele que está ciente desse poder que transcende a matéria.
    Aplausos.

    ""Os olhos do espírito só começam a ser penetrantes quando os do corpo principiam a enfraquecer."" (Platão)

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  2. Ah como gosto disto... Evidencia o poder da esperança, do sonho, quando ele vivido, é assimilado... A crueza do palavreado empresta ao texto a devida incisividade que se pretende... E é sem dúvida alcançada...

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