Sobre as músicas do blog... Não devem ser consideradas simples "fundos musicais" para os textos... Foram escolhidas com carinho e apreço, dentre o que há de melhor... São verdadeiras jóias que superam em muito os textos deste humilde escrevinhador... Assim, ao terminar de ler certo texto, se houver música na postagem, termine de ouví-la, retorne, ouça-a novamente se toda atenção foi antes dedicada ao texto... "interromper uma bela música é como interromper uma boa foda... Isso não se faz!..." Por último, se você conhece uma música que, na sua opinião, combina melhor com o texto, não deixe de enviar sua sugestão...

O Guerreiro Amor

Música deste post (é bem melhor com música):"Last of the Mohicans", de Trevor Jones, interpretada pela Orquestra Sinfônica da Radio e Televião Espanhola, conduzida por Trevor Jones, Espanha, 2006.





Cai,
o amor, derrotado, perdido, abalado.
Guerreiro sem lar para voltar.
Personagem de guerra eterna,
que coexiste em todo ser.


Ergue trincheiras, faz besteiras,
atira e é ferido.
É filme, pois nunca morre.
Figura em teatros e canções,
traveste-se de paixões,
desperta tesões,
e sobrevive!
É o que importa: sobreviver!
Correr louco pelo tempo:
são muitos os corações a devorar;
são muitas as almas a habitar.
Quantos aprenderam a derrotá-lo?
Saber que é ilusão e assombração?
Ainda há os como eu,
que mesmo tendo aprendido,
é fiel senhorio,
que não o despeja,
e com novos amores deseja
montar um cortiço.
Quero ser terra de imensas batalhas,
permear poças enormes de sangue,
abrigar cadáveres fétidos e esqueletos,
vítimas do incansável guerreiro.
E tê-los todos jogados aos cantos,
pelos banheiros e quintais,
quartos de despejo dos restos mortais.
Para consolar-me por ter sobrevivido,
tal como ele não ter morrido,
tal como ele andar perdido,
tal como ele ter descido ao inferno,
mesmo não sendo eterno.






2 comentários:

  1. O que podemos comentar de um texto assim? Não há palavras para isso. Esse poema não é para ser comentado e sim para ser sentido. Deixar que as retinas absorvam e esperar que percorra os canais que o alojarão no fundo da alma. Um poema de amor...assim como o amor,apenas ama-se e mais nada. Lembrei-me de um fragmento de outro poema escrito por Drummond:
    Amor é primo da morte,
    E da morte vencedor,
    Por mais que o matem (e matam)
    A cada instante de amor.

    A trilha sonora escolhida a dedo,perfeita. Aliás, o que não é perfeito aqui?
    Apenas essa humilde leitora.

    Quanto mais te leio, mais....

    Iset

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Em revista aos comentários do blog, não pude deixar de admirar seu comentário... É, talvez, o melhor comentário... Não pelo elogio, mas pela abrangência que não se prende tão somente ao texto, replica com lembrança de outro texto correlato, bastante pertinente, e se estende à trilha sonora do 'post'. Enfim, um comentário completo, inteligente... Ah se os demais seguissem essa linha!...

      Excluir